Especial #100: 10 mentiras que te contam sobre comida
O jeito que o Jornal do Veneno comemora suas conquistas é diferenciado
Olá, venener. Bom sábado pra você. Essa é mais uma edição histórica do jornal que não deveria existir, mas vai continuar firme enquanto a gente tiver longe de um sistema alimentar decente.
O clima de hoje é mais ou menos de festejos hahaha! Foram 62 episódios do podcast, com mais de 300 mil audições, e agora 38 edições da newsletter, lidas umas 40 mil vezes por mês. E assim chegamos em 100 Jornais do Veneno. Quem diria que tanta gente ia aguentar uma chuva de informação sobre agrotóxico e a palavra “ultraprocessado” repetida à exaustão, hein?

Só que apesar da comemoração (e eu tô toda emotiva aqui), você sabe que estamos falando de um jornal peculiar, que não deveria existir hahahaha. O jeito como a gente celebra aqui é diferente, mais afrontoso. Resolvi seguir a mesma linha do episódio especial #50 do podcast, aquele sobre os 5 maiores armadilhas da indústria de alimentos.
Dessa vez, fiz uma listinha um pouco mais abrangente com tópicos que não representam necessariamente armadilhas, mas ideias falaciosas sobre comida e saúde que continuam circulando a rodo. Uma perturbaçãoooooo isso! Alguns dos pontos são premissas muito bem articuladas pra favorecer mercados bilionários, outros tão mais no campo do mal entendido ou são ideias desatualizadas mesmo.
Meu objetivo não é escrever um tratado sobre cada uma das 10 mentirinhas, mas rebater com informações atuais e dados confiáveis. Sempre que possível, vou indicar outros materiais pra aprofundar, tá?
Boa leitura e muitooooooo obrigada pela parceria nessa loucura aqui!!! ;)
🤥 10 MENTIRAS QUE TE CONTAM SOBRE COMIDA E SAÚDE:
Existe dose segura de agrotóxicos
“Ah, mas é só usar de acordo com as informações da embalagem e com o equipamento adequado”. “Depois de um tempo, as moléculas somem”. “Basta utilizar os produtos autorizados nas quantidades liberadas pela Anvisa”. “A diferença entre o remédio e o veneno é a dose”. Não!!!!
Antes de qualquer coisa, a gente precisa lembrar que a ciência também está sujeita a conflitos de interesse, a visões reducionistas, controversas e questionáveis. Afinal, o campo tá inserido num sistema econômico. E falar de agrotóxico é falar de um dos maiores embates políticos da atualidade.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) publicou um dossiê de 600 páginas sobre os impactos dos agrotóxicos em 2015. O material é praticamente irrefutável de tanta evidência e argumentos bem fundamentados. Entre as teses defendidas pelos autores está a de que o limite de ingestão diária considerado seguro não se sustenta.
As instruções dos fabricantes de pesticidas são baseadas em testes de laboratório realizados em animais, na maior parte das vezes financiados pelas próprias empresas. Esses testes não levam em conta as múltiplas exposições a diferentes ingredientes ativos presentes nos agrotóxicos, que podem interagir entre si e potencializar os efeitos. Também não analisam as consequências de sua exposição prolongada.
Vamos pegar só um exemplo. A Anvisa acabou de publicar mais um Relatório de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), aquele que só avalia os vegetais, lembra? A agência testou 240 amostras de goiaba, onde foram encontrados 61 agrotóxicos diferentes, muitas vezes combinados entre si. Não sabemos os efeitos desse mix ingerido ao mesmo tempo. Portanto, não dá pra garantir segurança nenhuma.
Dá pra reduzir os agrotóxicos presentes nos alimentos descascando e lavando bem
Não adianta tirar a casca, limpar com espuma milagrosa, com filtro de água caríssimo, bicarbonato de sódio, esfregar água sanitária, vinagre.
A maior parte das substâncias aplicadas nas lavouras atualmente age de forma sistêmica nas plantas e resiste inclusive a diversas etapas de processamento da indústria. Lembra do estudo do Instituto de Defesa dos Consumidores sobre agrotóxicos em alimentos ultraprocessados? Pois é. Tem veneno dentro dos pacotes também, dentro das carnes, leites, ovos, tudo. A gente só não ouve falar porque a Anvisa escolheu monitorar apenas vegetais.
Descartar as cascas de abacaxis e seus parentes só serve pra sentir uma falsa sensação de controle e segurança. A gente também aumentaria o desperdício e deixaria de consumir justamente a parte que costuma concentrar o grosso dos antioxidantes dos vegetais.
Mas vamos nos iludir por 3 segundos e supor que exista um método capaz de retirar os resíduos de agrotóxicos dos alimentos. Os agricultores e as comunidades próximas continuariam expostos, assim como os rios, os lençóis freáticos, os insetos polinizadores, todos os animais, o solo, a vegetação.
Não existe saída fácil pra problema estrutural. Pra deixar de comer veneno, a gente precisa de uma transformação na agricultura e na distribuição de terras.
Há vegetais melhores que outros
Não perca tempo pesquisando nem caia nessas discussões de qual hortaliça concentra a maior dose de cálcio, qual o benefício do brócolis, a variedade de batata de menor índice glicêmico, a fruta que se destaca pelo combate aos radicais livres, se chia é melhor que linhaça, pão integral x tapioca. Uma alimentação saudável pressupõe a maior variedade possível e ponto.
Há espaço pra todo mundo, pra todos os gostos, mas especialmente pro que tiver na época e fizer sentido na sua região, na sua história. É o que diz o nosso imperador absoluto, o Guia Alimentar para a População Brasileira.
Os estudos mais recentes sobre a saúde da microbiota intestinal vão nessa mesma linha da importância da variedade na alimentação. Isto é, a couve é um sonho, com um feijãozinho então, mas há 600 variedades de hortaliças no mundo. Bora variaaaaaaar e pesquisar os matinhos comestíveis não comerciais também: taioba, ora pro nobis, beldroega, bertalha, dente de leão, bredo, serralha, azedinha, folhas de abóbora, etc.
Esses estudos que isolam componentes específicos dos alimentos ainda são bastante coloniais e beneficiam aqueles já conhecidos pelo maior valor agregado, né? Dê uma pesquisada sobre os benefícios das nozes pra ver. Você vai encontrar teses e mais teses, ao contrário da pobre da castanha de baru. Mesma coisa sobre as frutas. Pilhas de pesquisas sobre mirtilo e cranberry, mas quase nada sobre butiá, acerola, uvaia, jambo, tucumã.
Porque é natural não faz mal
Aterrissamos na alçada da comunidade antivacina, da galera que cura doença vibrando no positivo e bebendo óleo essencial. Brincadeiras à parte (ou nem tanto hahaha), foi na pandemia de covid-19 que explodiram as sugestões de cápsulas, extratos, óleos, chás, vitaminas, melatonina, água com sal, métodos detox e rituais desinflamatórios. Até hoje não me conformo de loja fornecer saquinhos de suplementos como brinde!!!
Essa turma parece inofensiva em comparação com as prateleiras de alimentos ultraprocessados do supermercado e medicamentos tarja preta, mas não é bem assim. Boa parte dessa ofensiva tilelê não foi nem registrada pela Anvisa ou não pode ser ingerida sem prescrição médica ou, no mínimo, exige uma série de cuidados.
Várias plantas usadas pra infusões interagem com medicamentos. Um exemplo é a erva de São João (Hypericum perforatum), de propriedades calmantes, que reduz a ação de contraceptivos. As cápsulas de Ginkgo biloba, conhecidas pelos benefícios pra circulação, podem desencadear uma hemorragia se utilizadas junto com anticoagulantes. Sem falar que é preciso se atentar às quantidades, formas de preparo e à origem desses produtos. Como a gente tá falando de itens com quase nenhuma regulamentação, é muito difícil garantir sua eficácia, segurança e procedência confiável.
Ervas pra chá e suplementos são regulamentados como alimentos. Então não há um controle rigoroso na venda, nem no sentido de garantir que a parte da planta segura pra consumo e que tem propriedades específicas está presente no saquinho ou no pote. A camomila é um ótimo exemplo. Suas propriedades relaxantes estão nas pétalas brancas das flores, mas a gente costuma comprar o pacote que inclui até os talos, né?
Sobre as vitaminas e suplementos, os casos de intoxicação e problemas renais explodiram, principalmente pelo uso de vitamina D por conta própria e em idosos.
Pessoas com comorbidades, crianças, gestantes e lactantes exigem uma atenção ainda maior. São grupos mais vulneráveis a complicações no uso de chás, cápsulas, suplementos e afins. “Ah, mas os povos indígenas e as benzedeiras tratam tudo com ervas”. Sim, mona, trata-se de um conhecimento que vem de gerações e que também segue uma série de regras e preceitos.
A Universidade Federal de Santa Catarina tem um banco online de informações sobre o uso de plantas medicinais. E a Universidade Federal do Ceará é a nossa referência nacional no projeto Farmácia Viva, que produz fitoterápicos com evidências científicas e difunde esses conhecimentos. Fica a dica.
Se é frito, é ultraprocessado
Já reparou que sempre tem uma batata frita ilustrando as notícias sobre os malefícios da corja do miojo? Às vezes tem pastel e coxinha também ou pizza, hambúrguer e pipoca. E isso só confunde as pessoas!!!
Apesar de serem ricos em gordura e açúcar, ou seja, exigirem um consumo bastante moderado, nem todos passaram por várias etapas de processamento.
Sim, as batatas fritas, nuggets, sorvetes, cookies, cachorros quentes, hambúrgueres (de origem animal ou vegetal) e seus molhos hiperpalatáveis vendidos pelos conglomerados de fast food são atochados de aditivos químicos e substâncias industriais. Logo, são classificados como produtos ultraprocessados. Aliás, experimente comparar a lista de ingredientes de batatas fritas congeladas dos freezers dos supermercados. A diferença entre uma e outra impressiona.
Por outro lado, há pizzas de fermentação longa com vegetais e cogumelos. Há barracas de feira que vendem massas de pastel artesanais, sem gordura hidrogenada e aromatizante, pipoca sem margarina, coxinha de pequenos negócios familiares sem caldo maggi, batata frita preparada na hora, só com batata e óleo. Ainda existem diversos alimentos fritos sem os quais o Brasil seria só tristeza, como pastel de angu e acarajé. Nenhum desses exemplos é comparável a uma massaroca artificial com 16 ingredientes.
“Uma forma prática de distinguir alimentos ultraprocessados de alimentos processados é consultar a lista de ingredientes que, por lei, deve constar dos rótulos de alimentos embalados que possuem mais de um ingrediente. Um número elevado de ingredientes (frequentemente cinco ou mais) e, sobretudo, a presença de ingredientes com nomes pouco familiares e não usados em preparações culinárias (gordura vegetal hidrogenada, óleos interesterificados, xarope de frutose, isolados proteicos, agentes de massa, espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários outros tipos de aditivos) indicam que o produto pertence à categoria de alimentos ultraprocessados”.
(Página 41 do Guia Alimentar para a População Brasileira)
Então, por favor, vamos separar as coisas. Sempre que for necessário abordar o tema das traquinagens alimentícias, prefira produtos que remetam a fábricas e laboratórios, itens com cores vibrantes, embalagens, tubos de ensaio. E cobre que jornais e outros conteúdos por aí façam o mesmo. Mas vale ponderar que fritura não se come todo dia, né?
Adoçante é melhor que açúcar
Poderia responder essa com uma única frase: açúcar é ingrediente culinário, enquanto os edulcorantes são considerados aditivos cosméticos, isto é, substâncias que alteram o sabor, cor, cheio e textura pra transformar os alimentos em coisas que eles não são.
A presença desses aditivos na lista de ingredientes já acende o alerta: ultra, ultra, ultra…. processadooooo!! Mas o açúcar também tá encrencado, né? Por isso a confusão. Toda a América Latina ingere doses muito acima da recomendação diária, que não deve ultrapassar 10% do total de calorias ingeridas por cada pessoa, segundo a Organização Mundial de Saúde.
A questão é que todos precisamos reduzir o açúcar de cada dia, não substituí-lo por artifícios químicos. Além disso, não temos estudos que garantam a segurança do consumo de adoçantes quando combinados com outros aditivos. Exatamente a mesma lógica aplicada aos agrotóxicos.
Em 2023, a OMS publicou uma diretriz que deu o maior bafafá: recomendou que os edulcorantes não sejam utilizados como substitutos do açúcar para quem busca controlar o peso ou doenças como diabetes. A decisão se deu a partir de evidências de que o uso prolongado de adoçantes pode levar justamente ao contrário do que se esperava deles: ao aumento do risco de se desenvolver diabetes tipo 2. A organização também desaconselha o uso entre crianças e adolescentes.
Falando por mim, uma ação que me ajudou a acostumar o paladar a sabores menos doces foi dar uma segurada nas bebidas adoçadas. Eu só bebia água tônica em refeições fora de casa, agora bebo raramente ou só água com gás. Já não consigo mais tomar sucos e cafés com açúcar. Mate adoçado só se tiver muito limão. Para bebidas muito azedas e amargas, gosto de usar um pouco de melado de cana, que tem um gosto menos neutro e fica mais fácil não exagerar.
E atenção redobrada com os produtos “zero” ou “baixo em açúcar”. Sempre que o açúcar sai, é preciso preencher esse vazio com alguma coisa. O mais frequente é chamar os adoçantes artificiais pra jogo ou os concentrados de maçã, que continuam sendo basicamente a mesma coisa que o açúcar da cana.
Emagrecer é sinônimo de ficar mais saudável
Em muitas situações, perder peso significa melhorar a pressão arterial, reduzir o risco de doenças cardíacas, normalizar índices de colesterol, diminuir dores de coluna, aumentar a mobilidade e a disposição.
Em outras, pode resultar em perda de massa muscular ou indicar problemas hormonais, doenças infecciosas, questões emocionais, etc. Posso falar por mim. Quando meu filho nasceu e ficou 7 meses internado numa UTI, eu não conseguia comer e perdi 10 quilos rapidinho. Andava sempre tonta e fraca, meio gente, meio zumbi.
Até nos casos em que o emagrecimento foi planejado, acompanhado por um profissional de saúde e trouxe bons resultados, sempre vale a reflexão do custo psíquico do processo. Pra muita gente, emagrecer exige um esforço e uma sobrecarga que comprometem a vida social, o sono, a saúde mental como um todo.
Pra aprofundar essa discussão, recomendo dois nutricionistas que trabalham com base no Guia Alimentar e problematizam a nossa obsessão coletiva pelo emagrecimento. O querido do Muriel, do perfil Barriga Positiva, e a Pabyle Flauzino, que inclusive lançou um podcast imperdível nesse ano.
8. Todo mundo precisa se preocupar com a quantidade de proteína que ingere diariamente
Com exceção de quem está numa situação de insegurança alimentar ou baseia suas refeições em pacotes artificiais ou tem uma seletividade severa, as chances de não estar ingerindo proteína o suficiente são baixíssimas. Não tirei isso da minha cabeça, mas dos estudos populacionais mais recentes.
Aqui no Brasil temos um déficit preocupante de fibras, vitamina E e cálcio. Em nível global, o ferro é um dos micronutrientes ingeridos em quantidades insuficientes. Não há estudos que apontem baixas doses de proteínas entre pessoas que podem escolher o que comer e não vivem em desertos alimentares.
A OMS recomenda que a gente coloque pra dentro pelo menos 0,8g de proteína por quilo corporal. Em países como o Canadá, o consumo médio da população é 5 vezes isso. Como o médico e nutricionista David Katz observou nessa reportagem do jornal inglês The Guardian, a partir do momento em que as pessoas passam a pensar muito em proteína, elas tendem a consumir além do que precisam. Resultado: uma dieta com altas doses desse macronutriente pode implicar em pouca variedade, uma predominância de ingredientes de origem animal e uma possível sobrecarga dos rins.
“Ingerir nutrientes em excesso - inclusive proteínas - pode fazer mal à saúde. As proteínas são acidificantes e seu excesso pode fazer mal aos ossos. Além disso, proteínas extras costumam significar calorias adicionais, e calorias adicionais - quer elas venham de proteínas, de gorduras ou de carboidratos - transformam-se em gordura corporal. Você não quer isso. A ideia de que precisamos de mais proteínas e quanto mais melhor é puro folclore. É uma ideia muito boa pra quem vende proteína em pó, mas não pra você”.
(Página 152 do livro Comer o quê?, da editora Alaúde, escrito pelo médico David Katz).
Crianças precisam de composto lácteo e leite de vaca
Composto lácteo é uma imitação das fórmulas infantis pensada pra atrair quem não pode pagar pela mesma. Ou seja, uma jogada muito apelativa pra vender uma mistura de leite de vaca com açúcares e aditivos químicos, logo, um produto ultraprocessado. Não há mais o que discutir: nenhuma criança precisa disso.
De acordo com as orientações do Ministério da Saúde, o leite de vaca não deve substituir o leite materno nem ser oferecido como refeição antes dos 9 meses do bebê. A partir dos 6 meses, pode ser incluído como ingrediente em preparações, como em purês de batata.
Pela semelhança estética e sensorial com o leite materno - nutricionalmente não se compara - e pelo baixo preço decorrente de isenções fiscais do Estado, nos habituamos a beber leite desde a infância. Sem dúvida, o produto sustentou e ainda sustenta milhares de crianças em situação de vulnerabilidade, especialmente em áreas rurais, onde há criação de bichos, mas pouca variedade de alimentos à disposição.
No entanto, não há nenhum nutriente exclusivo do leite de vaca ou de outro mamífero. Todos eles estão à disposição num padrão alimentar que inclua variedade de grãos, sementes, legumes, frutas. A única exceção é a vitamina B12, o que se resolve com a ingestão de outros ingredientes de origem animal ou suplementação.
O hábito de beber leite puro ou com achocolatado desde a infância, principalmente após o desmame, é uma construção cultural, um hábito enraizado a partir da colonização europeia. Alternativas lácteas de origem vegetal, como leite de castanhas, manteiga de coco e iogurte de inhame, também não são imprescindíveis pra saúde de ninguém. Só opções deliciosas mesmo e de menor impacto em relação ao leite das vacas.
Dá pra criar animais pra consumo humano em larga escala de forma ética, justa e ambientalmente responsável
No momento em que escrevo esta edição, existem 6,2 bilhões de frangos registrados em granjas no país, Eles representam o animal com mais presença no prato das pessoas no Brasil. Nesse ano, as projeções indicam que o consumo deve fechar em 47 quilos por indivíduo.
O protagonismo das aves nas nossas preparações culinárias se deve ao baixo custo de produção, que culmina num valor acessível pro consumidor final. De todos os animais criados pra gente comer, o frango é quem precisa de menos ração por quilo de carne e já pode ser abatido em apenas 42 dias. A legislação brasileira também permite até 13 aves por metro quadrado dentro de um galpão fechado.
Se toda a população brasileira deixasse de consumir os cortes de outros animais e mantivesse o padrão de ingestão de frango, ainda assim precisaríamos continuar expandindo áreas agropecuárias para produzir ração suficiente. Nesses casos, de milho transgênico. Se as 6 bilhões de aves fossem soltas próximas a áreas de vegetação nativa, causariam um apocalipse no ecossistema local.
Pequenas lavouras, assentamentos, sistemas agroflorestais e outros modelos que criam frangos em escala menor apresentam danos ambientais incomparavelmente inferiores, mas não dão conta de abastecer o mercado interno. Muitas vezes ainda precisam da ração à base de milho envenenado, plantado em grandes monoculturas.
Sobre ética animal, não há um consenso filosófico e jurídico sobre o termo. Mas já é possível afirmar que as pesquisas do setor nunca encontraram animais dispostos a sacrificarem suas vidas pra alimentar outra espécie.
Fechamos?
Já que não posso te mandar um pedaço do bolo comemorativo, vou dividir com o povo aqui e quero ver se congelo pra durar mais. Aliás, você já congelou fatia de bolo? Fica muito bom depois, tá? Nem parece que não é fresco.
Te agradeço demais pela companhia, parceria, comentários, mensagens de apoio, e pela leitura atenta e generosa até aqui.
Um beijo e até sábado que vem,
Juliana.
Observação: a chave pix pra apoios rebeldes é jornaldoveneno@gmail.com.
Ju ..... que edição linda, essa é daquelas que guardo o email para ter reposta para algumas criaturas que gostam de perturbar quem tá tentando se alimentar melhor e estudando o Guia Alimentar!
Parabéns muito por chegar aqui ... e desconfio que a vida do Jornal será longa, depois de ainda deixarem os refrigerantes de fora do imposto seletivo ... seguiremos aqui com vc!
Bjs
Viva o jornal que não deveria precisar existir, mas que bom que existe! toda edição me faz pensar em algo novo ou de forma diferente. Só gostaria de pedir para incluir a descrição nas imagens, por gentileza.