Floripa, Gaza e Mujica #116
O legado do ex-presidente do Uruguai diante das atrocidades contemporâneas
Olá, venener. Bom sábado pra gente. Não sei se você notou, mas o Jornal do Veneno esteve ausente da sua caixa de e-mail na semana passada. Muitos contratempos pessoais por aqui, demandas maternas intensas. Até sentei pra tentar escrever, mas a linha de raciocínio se esvaía em segundos.
Quanta coisa aconteceu nesse meio tempo, hein? Na última quarta, acompanhei ao vivo a votação do Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental na TV Senado. Abrir minha conta profissional no Instagram e tecer comentários sobre o assunto é trabalho, mas também uma tática de sobrevivência, confesso. Compartilhar indignações e trocar com as pessoas organiza os sentimentos indigestos, alivia o peso. E, olha, que rasteira que foi essa desgraça!
Eu poderia ter esperado as reportagens no dia seguinte pra saber os detalhes da aprovação - todo mundo sabia que passaria feito luva no Senado. Mas acredito que alguns temas exigem a compreensão das minúcias, uma análise dos discursos, uma leitura das táticas de todos os lados. Nesse caso, meu interesse era pela condução do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil/AP).
Se o projeto que desmonta as regras do licenciamento ambiental no país esteve circulando pelo congresso há uns de 20 anos, não é estranho que só tenha sido votado agora? Não seria muito mais fácil aprovar tamanho retrocesso durante o governo do traste? Minha aposta é que o projeto pressiona mais a gestão lulista, com o Ibama e outros órgãos ambientais mais fortalecidos, logo, dando mais dor de cabeça pra ruralistas, mineradoras e petroleiras.
O próprio Davi Alcolumbre sugeriu uma emenda de última hora pra criar a Licença Ambiental Especial (LAE) dentro do projeto de lei. Acatada pelos colegas, a sugestão gera uma nova modalidade de autorização ambiental, direcionada a empreendimentos considerados estratégicos. Pois é, quem se encaixaria nessa é a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas, um das grandes desgastes do governo federal no momento. A empreitada, pasme!, impactaria diretamente o estado do Amapá, o reduto eleitoral do presidente do Senado.
A imprensa passou a semana dando gritos com ida do Lula à Rússia, com a gafe da Janja diante do presidente da China, rolaram análises e mais análises da roupa da cafona da Virgínia na CPI das Bets… Não te parece que um projeto capaz de pisotear a legislação ambiental construída a duras penas nos últimos 40 anos merecia mais atenção de todo mundo? Houve menos debate e mobilização do que pra palhaçada de bebê reborn.
Fica a reflexão sobre o peso que a gente anda dando pras pautas ambientais. Por mais que seja desolador e aterrorizante, sempre há muito o que ser feito. O escritor Eduardo Galeano já dava a letra: “a primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la”.
Vou parar por aqui pois a jornalista Giovana Girardi, da Agência Pública, já colocou todas as cartas na mesa em relação ao PL da Devastação e de forma bem objetiva nesse artigo. Aliás, amo o trabalho da Giovana.
Boa leitura! :)
🌎 Do fechamento do Restaurante Popular de Florianópolis ao agravamento da fome na Palestina
Durante as eleições municipais do ano passado, um único assunto dominou os debates dos candidatos à prefeitura da capital de Santa Catarina: as pessoas em situação de rua. Toda a sorte de medidas discriminatórias e inconstitucionais foi sugerida pelos candidatos, como internação compulsória, leis que impedem a doação de alimentos, aumento das abordagens policiais. Entre os entusiastas das medidas estava o prefeito Topázio Silveira Neto (PSD), que venceu no primeiro turno.
Florianópolis é a décima cidade brasileira com o maior número absoluto de população em situação de rua. A informação saiu do relatório que contabiliza somente usuários do CadÚnico, registro público que identifica as famílias de baixa renda residentes em todo território nacional. Nos últimos sete anos, o total de pessoas vivendo nessas condições quadruplicou em todo o estado catarinense, passou de 1.774 para 8.824 indivíduos. Em outras palavras, 1 de cada 862 habitantes.
O estado do poeta Cruz e Sousa tem o segundo maior déficit habitacional do país, só fica atrás de São Paulo. Os dados foram divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE) em conjunto com Fundação João Pinheiro na mesma época do lançamento do maior edifício residencial do mundo. Localizado em Balneário Camboriú, o Senna Tower será construído pelo grupo do véio da Havan e abrigará apartamentos ao custo de R$28 a R$300 milhões.
Os locais costumam sugerir que muita gente vem pra Santa Catarina por conta de um trabalho pontual, como alguma atividade relacionada ao turismo no verão, mas depois não consegue se manter ou voltar. A teoria exala aquele cheirinho ancestral de racismo e não pode ser confirmada, já que faltam dados sobre o perfil desse público. Aliás, o estado sulista não aderiu à Política Nacional para a População em Situação de Rua. Com isso, os municípios ficam com menos apoio no mapeamento desse grupo populacional e na promoção de ações para atendê-lo.
Qualquer cidade com mais de 100 mil habitantes pode solicitar apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social para abrir um Restaurante Popular. Contudo, algumas cidades e estados tocam as iniciativas por conta, muitas vezes contratando empresas terceirizadas.
Em 2022, havia 248 estabelecimentos focados em oferecer refeições acessíveis a pessoas em situação de vulnerabilidade social no Brasil. No geral, servem preparações alinhadas à cultura alimentar nacional, como arroz, feijão, ovo, carne, farofa e salada. A cidade pioneira na política pública foi Curitiba (PR), em 1993, seguida de Belo Horizonte (MG) um ano depois. O Restaurante Popular Betinho, na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, e o projeto Bom Prato, do estado de São Paulo, inauguraram o atendimento em maior escala. De toda a região Nordeste, a cidade de Sobral, no Ceará, deu o pontapé inicial.
Enquanto o prato feito custa em média R$30,80 em restaurantes convencionais brasileiros, as refeições nos estabelecimentos subsidiados podem ser gratuitas para pessoas cadastradas ou custar de R$1 a R$7.
Até 2022, Florianópolis passava o vexame de ser a única capital que ainda não havia aderido à política. Diversas organizações, entidades, conselhos, universidades e vereadores aliados pressionavam a prefeitura nesse sentido, especialmente por conta do aumento da insegurança alimentar durante a pandemia em todo o país. Conseguimos, enfim, mas durou pouco.

O local contava com alta procura. Em diversas situações, as 2 mil refeições diárias divididas entre café, almoço e jantar não eram suficientes pra atender a demanda de estudantes, famílias de baixa renda, pessoas sem moradia, e faltava comida.
No dia 22 de fevereiro de 2025, quem se dirigiu ao local encontrou as portas fechadas. A prefeitura alegou que o local precisava passar por uma repaginação na estrutura e na concepção. Quando reaberto, só atenderia pessoas cadastradas, trabalhadores e estudantes. Indivíduos em situação de rua seriam realocados pra outro espaço no centro da cidade, a Passarela da Cidadania, que até o momento não ampliou a capacidade de atendimento para absorver a demanda do Restaurante Popular.
Além de discriminatória, a decisão é inconstitucional. Toda a legislação que regulamenta os restaurantes populares destaca o seu caráter universal. Qualquer cidadão, inclusive estrangeiro, pode entrar na fila à espera da refeição. Em caso de lotação, a prioridade no atendimento é das pessoas mais vulneráveis.
Desde então, a Defensoria Pública e a Justiça do estado travam uma queda de braço. Os defensores obrigam a reabrir e os desembargadores negam os pedidos. Nesta semana, acabou o prazo estipulado para a reabertura e não há qualquer sinal de que o atendimento será retomado. O prefeito Topázio Neto argumenta que o prédio segue em obras e que vai se chamar Restaurante da Família e do Trabalhador.
Enquanto isso, a imprensa local se esforça diariamente para demonizar a população sem teto e justificar a posição da prefeitura. As notícias que tomam mais espaço no jornalismo da cidade abordam furtos de fios de cobre nos postes de iluminação e o uso de substâncias ilícitas em praças e marquises da cidade.
Como diz o título do livro da jornalista pernambucana Fabiana Moraes, “a pauta é uma arma de combate”. No caso do jornalismo catarinense, o combate é direcionado à existência das pessoas marginalizadas. Não custa lembrar, mas a Constituição de 1988 não impõe nenhuma condição para o acesso dos direitos essenciais. Para reivindicar moradia, vaga em escola, atendimento médico e um prato de comida, por exemplo, ninguém precisa apresentar a carteira de trabalho, frequentar uma igreja ou ser nativo do local.
Do outro lado do mundo, a crise de insegurança alimentar é ainda mais dramática e num território muito menos populoso do que Santa Catarina. Um relatório da Unicef divulgado na semana passada apontou que todas as 2,3 milhões de pessoas que vivem na Faixa de Gaza correm o risco de não ingerir comida suficiente pra se manter vivas.

Nenhum bairro, nenhuma rua, nenhuma família palestina que habita o entorno tem certeza de que vai comer nas próximas semanas. O relatório da Unicef aponta que 470 mil pessoas enfrentam o nível de fome considerado catastrófico (IPC Fase 5). Desse total, 71 mil crianças e 17 mil mães precisam de atendimento urgente para tratar desnutrição aguda. Isso se dá porque o governo de Israel mantém um projeto de colonização e extermínio no território palestino há décadas. Após o fim da primeira fase do cessar-fogo, em março, o governo Netanyahu suspendeu todo o fornecimento de mercadorias e doações para Gaza.
As organizações internacionais mantêm o envio de alimentos e suprimentos, mas o exército israelense segura os itens em todos os acessos à Faixa de Gaza há mais de dois meses ou coloca empecilhos na distribuição. Sob pressão internacional, o governo de Israel divulgou nesta semana que permitiu a entrada de 100 caminhões de ajuda humanitária com farinha, fórmula infantil e equipamentos médicos. Funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) rebatem que os insumos não chegaram em sua totalidade.
O Programa Mundial de Alimentos (WFP) da ONU esgotou seus últimos estoques para a produção de refeições quentes no local no dia 25 de abril. Quase um mês antes, todas as 25 padarias apoiadas pelo projeto fecharam quando a farinha de trigo e o combustível para cozinhar acabaram. Na mesma semana, as cestas básicas também esgotaram. Sem possibilidade de reposição dos estoques, os mercados subiram os preços dos alimentos a níveis exorbitantes e a comida disponível no momento está fora do alcance da maior parte da população.
Nos Estados Unidos, onde o governo apoia a ofensiva israelense em todas as esferas, estudantes, artistas, acadêmicos e até empresários têm sofrido perseguição, boicotes e prisões por chamar atenção pra causa palestina. O último famoso a ir pra cadeia foi o cofundador da marca de sorvetes Ben & Jerrys. Durante uma audiência pública, Ben Cohen afirmou que o congresso dos EUA está matando crianças em Gaza e saiu algemado junto de outros ativistas.
Ao contrário de suas concorrentes, a Ben & Jerrys tem um histórico de posicionamentos políticos. Em 2021, a empresa anunciou que deixaria de permitir que sua franqueada em Israel vendesse sorvetes em assentamentos ocupados na Cisjordânia.
Em dezembro do ano passado, a África do Sul entrou com um processo na Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia, acusando Israel de cometer genocídio contra a população palestina. Na América Latina, a Bolívia de Luis Arce foi a primeira nação a apoiar a ação africana e a romper as relações diplomáticas com o governo de Benjamin Netanyahu. Mas a pressão global para frear Israel continua tímida. A maior parte dos governos faz a sonsa ou fala apenas em cessar-fogo.
Quando o ataque começou, em 7 de outubro de 2023, o Brasil presidia o Conselho de Segurança da ONU e concentrou seus esforços em repatriar cidadãos brasileiros em Israel e na Palestina, além de elaborar a resolução de cessar-fogo que os Estados Unidos vetaram. Apesar de Lula ser conhecido internacionalmente como apoiador da causa palestina, o Brasil está longe de romper relações comerciais e militares com Israel.
O país genocida foi o décimo maior destino de insumos exportados pela Petrobras entre 2019 e 2023. Mas há outro setor econômico que nos conecta a Israel, o agronegócio. A gente compra sobretudo agrotóxicos e fertilizantes químicos deles e exporta carnes e soja. Num possível rompimento dessa relação, o maior impacto ficaria com o lado de lá.
O medo de peitar Israel, na verdade, é de estremecer os negócios e as relações com seu padrinho Estados Unidos. No caso do Brasil, um dos principais destinos das nossas exportações. No entanto, como cutucam a socióloga Sabrina Fernandes e o professor Bruno Huberman nesse artigo, os líderes progressistas e a história de luta anticolonial da América Latina devem muito mais à causa palestina.
O legado de Mujica nesse contexto
No dia 30 de novembro de 2009, me surpreendi com uma catarse coletiva nas ruas de Montevidéu ao sair da rodoviária. Havia comprado um intensivão de espanhol numa escola de idiomas do bairro de Pocitos, e cheguei, sem saber, no dia da eleição de José Alberto Mujica Cordano para presidente do Uruguai.
Ele foi assunto da maior parte das conversas que puxei durante o mês em que saracoteei por lá, com as mexicanas que dividiam quarto comigo, com os comerciantes que me vendiam pães recheados de dulce de leche… Havia muita simpatia pela persona, mas não unanimidade.
Não é justo comparar o Uruguai com o Brasil. O país é minúsculo, pacato, meio cinza, muito mais alheio à influência dos Estados Unidos. Mas é inevitável comparar o José Alberto com o Luiz Inácio.
Ambos nasceram em famílias de camponeses. Lula passou fome na infância, Mujica comeu sabão pra sobreviver ao encarceramento. Os dois também foram mais radicais no discurso do que na ação, apostaram na política de conciliação e suas gestões foram um fracasso na área de segurança pública.
Só que José Mujica definia-se como socialista, nunca colocou Deus no discurso, falava abertamente da necessidade de se legalizar o aborto, liderou um grupo de guerrilheiros inspirados na Revolução Cubana, que assaltou bancos e sequestrou autoridades durante a ditadura uruguaia.
Quando nos deixou, no dia 13 desse mês, Pepe foi lembrado sobretudo pelos hábitos austeros, os valores estoicos, as críticas ao consumismo. De fato, estamos falando de uma figura política que fugiu à regra e conquistou empatia fora do campo da esquerda. Afinal, trata-se do presidente com o menor patrimônio da história, que doava o grosso do salário, andava de fusca e se recusava a vestir gravatas.
Por outro lado, senti falta do resgate do seu lado mais radical, aguerrido, de lembrarmos do compromisso com a transformação social por meio da ação política coletiva que o guiou da juventude até os últimos dias.
Mujica levou seis tiros enquanto tentava transformar o mundo, perdeu um pulmão e o baço por isso, e continuou na política. Permaneceu 14 anos preso por conta desses ideais e continuou na política. Foi presidente, depois senador e manteve uma agenda agitada de entrevistas e reuniões até a piora do quadro do câncer, há poucos meses. Por 20 anos também lidou com uma doença imunológica.
Visitou Lula na prisão em Curitiba, participou da posse de seu terceiro mandato e já com o diagnóstico do câncer trabalhou para colocar seu partido de volta à presidência, com a eleição de Yamandú Orsi no ano passado.
Diante de tantas atrocidades na atualidade, o viejo compañero nos deixa como legado a urgência da integração entre os países da América Latina, a defesa da autodeterminação dos povos, a luta pelo fortalecimento do Estado como promotor de direitos, a redistribuição de renda como prioridade, a crença de que a política é a maior ferramenta de transformação social e, principalmente, a coragem.
🔍 Pra acompanhar
Rosquinhas instagramáveis. Sucesso nas redes sociais, a rede de donuts dos Estados Unidos Krispy Kreme inaugurou sua primeira unidade no Brasil com direito a fila de 4 horas de espera. Realmente, enfrentar uma fila pra comprar uma bolinha de farinha com um furo no meio é mais um exemplo de que a gente não come comida, come publicidade.
Super bebês. Protocolo é a palavra da vez na mão dos profissionais de saúde picaretas. A última novidade ficou famosa na boca de uma médica do Ceará que vendia o “protocolo super bebê”. A charlatanice consistia em injetar vitaminas e aminoácidos em gestantes para tornar seus bebês mais fortes e inteligentes. Até o Ministério da Saúde precisou se posicionar contra o absurdo. Esse papo de melhoramento genético em humanos tem um nome: eugenia. Foi um dos pilares do nazismo, inclusive.
Bezerros. Falando em melhoramento genético, a Embrapa está toda orgulhosa de ser responsável por uma inovação: acabam de nascer os primeiros bezerros geneticamente editados no Brasil para serem mais resistentes ao calor. Possível preocupação com a qualidade de vida dos bichos em tempos de emergência climática? Não, o próprio órgão esclarece que o objetivo é a produtividade da bovinocultura.
Dá pra comemorar? Pela primeira vez em seis anos de monitoramento, o MapBiomas registrou queda na perda de vegetação nativa em todos os biomas do país, com exceção da Mata Atlântica, que se manteve estável. Em relação a 2023, a área desmatada no país recuou 34%. O Cerrado continua na liderança da devastação, depois vem Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas. A região do Matopiba, que reúne Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, concentrou 42% de todo o desmatamento do país. Não é a toa que estamos falando da nova fronteira do agronegócio. Segundo o MapBiomas, 97% da destruição de mata nativa é causada pelo setor agropecuário.
É hora de dar tchau….
São muitos assuntos pra dar conta, viu? Vou esperar os desdobramentos da gripe aviária pra avaliar se trago essa bomba pra cá.
Obrigada pelo apoio, pela atenção e por dividir tantas indignações comigo.
Um beijo e até semana que vem.
Juliana.
Bom dia, Ju! Meus gatos me acordaram em horário de trabalho no sábado de descanso e vim correndo te ler. Sempre me sinto inspirada com a revolta e a poesia <3
Bom dia, Ju! Bom ter você de volta! Por aqui lemos aos sábados tomando nosso café da manhã.. Já começamos os sábados indignados e muito bem informados por um jornalismo comprometido com o que realmente interessa. Obrigada pelo maravilhoso trabalho! Bjos